sexta-feira, 8 de maio de 2009

Crônica -1

Manuela e a Poltrona.

Lá estava ela, sentada na poltrona de canto, ao lado da empoeirada estante de livros. Estava sozinha ali, uma garrafa de conhaque na mesa ao lado , acendera um cigarro, o último de sua carteira. Jamais entendera porque gostava tanto daquele canto do apartamento, e daquela poltrona, que apesar de estar longe de ser bonita, era imensamente confortável.
Se sentiria acolhida, aquecida, e de certa maneira, consolada. O Marido ainda não chegara, e por mais que a culpa a atingisse, provavelmente ela já nem se importava mais. Dividia a cama com um estranho, e com apenas 3 anos, o casamento arrastava-se como uma eternidade. “Ele é um homem bom” chegara a conclusão, mesmo sabendo que isso não era o bastante.
Manuela tinha longos cabelos lisos negros, olhos verdes e um rosto pálido, uma expressão sempre exausta e muito triste, parecia ter muito mais que apenas 22 anos, e era estéreo, talvez fruto de sua própria frigidez.. Longe de ser uma mulher doce, casara por dinheiro, o marido, um belo senhor de 55 anos.
Logo quando criança perdeu os pais em um acidente de trânsito, tendo que morar com “Tia Lucia”, uma mulher robusta, vulgar, de má fama porém inegavelmente bela. Passou a adolescência ouvindo os gemidos da tia no quarto ao lado, enjoava-se ao pensar que o dinheiro que a sustentava viera dessa prática.
Ao lembrar disso, ainda sentada na poltrona, Manuela abriu um imenso sorriso. De tanto odiar Tia Lucia, tornara-se uma cópia aperfeiçoada da mesma, prostituindo-se da forma politicamente correta, o que enxeria a tia de orgulho.
Jamais gostou de sexo com o marido, preferia permanecer sentada a poltrona tomando conhaque, nunca o traiu pois sabia que o problema estava com ela e não com ele. Tinha um carinho por ele, mesmo que longe de ama-lo. Tivera um homem antes dele, nada mais que uma festa, um porre, uma noite. Ele tinha os mais belos olhos castanhos que já viu na vida, um encantador cafajeste.
A poltrona dessa vez parecia mais confortável que o normal, o cigarro e o conhaque acabaram. Completamente embriagada, ao lembrar-se daquela única noite de prazer, Manuela pôs-se a tocar-se. Jamais entendeu o porque, apenas que aquele ato era cheio de desespero e angústia.
Colocou a poltrona no modo mais horizontal possível, despiu-se e começou a acariciar o seu íntimo, o desconforto e contrangimento iniciais deram lugar a caricias prazerosas e pequenos gemidos quase inaudíveis . Descobriu então que não gostava do rápido e nem do forte como pensou por toda vida, pelo contrário, era devagar e delicadamente que atingia o prazer.
Sentiu-se afundar na poltrona, por um segundo pensou que a mesma só podia ter sido feita pra isso. Suada Manuela dava continuidade aquele ato quase profano, libertário, inimaginavelmente prazeroso. Após alguns minutos, a jovem senhora parecia uma adolescente em eckstasy completo, de pequenos gemidos passara a urros de prazer, por um momento pensou que sua vida estivera por um fio, se morresse ali... mas não morreu.
Pelo contrário, jamais se sentiu tão viva. Exausta deitada a poltrona, Manuela chegara ao maior de todos os prazeres, aquele que jamais alcançara na vida, estava confusa porém feliz. Levantou-se, vestiu-se e saiu pela porta. Apaixonada por si mesma, Manuela estava liberta.

6 comentários:

  1. Manuela é uma frustrada emocional e sexualmente. bota ela pra frequentar o shortbus pra se encontrar na vida.
    amor, você ahaza na cronica.
    <3

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  2. husdhfuihsifhsudf
    quero muiito saber em quem foi inspirada a tia lucia
    hasduhaishd

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  3. E talvez até a Manuela...

    Muito boa a crônica!
    :D

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